As sopas ( ônibus rurais ) foram os primeiros ônibus populares a surgirem no Recife. Tinham esse nome devido aos preços baixos . Com isso passaram a circular superlotados , concorrendo com os bondes e auto ônibus da Tramways e os trens da Great Western , quando das linhas do interior. A Tramways para barrar o avanço das sopas lançaram os ônibus amarelos , mais confortáveis que as sopas porém com passagem mais cara , que deixava os novos ônibus da Tramways vazios. Então mais uma vez a empresa agiu e trouxe mais bondes para Encruzilhada e Afogados , onde mais as sopas se proliferavam. Fazia a ligação da Praça Rio Branco com o Largo da Paz , dai fazia o transbordo para o bonde de Tejipió. A linha da Encruzilhada percorria a Avenida João de Barros com veículos mal conservados e sem higiene . Tinham carros também para Afogados , em 1929 já existiam sopas ligando o Largo da Paz ao Bairro do Recife .
Modelo de sopa que circulou no estado do Rio Grande do Norte , foto : site Curiozzo
O Pátio do Paraizo era o ponto terminal de todas as sopas que faziam transporte de passageiros no Recife e também das que partiam para o interior. Porém em 1930 um ato do governo ordenava que as sopas deveriam deixar o centro do Recife e estacionar nas praças João Alfredo ( Madalena ) , Largo da Paz ( Afogados ) e Largo da Encruzilhada .
Em 1934 as cidades que não possuíam estrada de ferro em seu percurso se utilizavam das sopas e caminhões para as ligações com a capital do estado , era o caso de Goiana , Igarassu , Ipojuca , Sirinhaém , Rio Formoso , Paulista .
Em janeiro de 1936 o serviço de sopas foi regulamentado pelas prefeituras , estipulando condições técnicas dos veículos , horários , itinerários e preços das passagens. Coisas da cidade , Diário de Pernambuco , anos 30
Em 1936 existiam sopas para João Pessoa , Itabaiana , Goiana , Nazaré , Timbaúba e Itapissuma , percursos feitos pela Empresa Nordestina . Em 1937 passou a fazer também a linha para Floresta dos Leões ( atual Carpina ) .
As sopas para o interior tinham como ponto de partida a Praça Artur Oscar ( Arsenal ) no Centro do Recife . A Praça 17 também era utilizada para o embarque de passageiros nas sopas , essas com destino a Garanhuns , Caruaru , Barreiros ,etc.
Outra que fazia transporte por sopas era a Empresa Baltazar Pinto , com itinerários para Floresta dos Leões e Limoeiro .
Mais de 30 carros faziam esse transporte entre a capital e cidades do interior e de estados vizinhos .
Em abril de 1937 uma decisão da inspetoria de tráfego causou muitos transtornos aos passageiros que utilizavam o transporte , o ponto terminal das sopas foi tirado do Pátio do Paraíso , e deslocado para a Rua do Hospício e Praça das Cinco Pontas , isso porque alegaram que os caminhões e sopas estavam enfeiando o Pátio do Paraíso .
Em novembro de 37 as empresas Baltazar Pinto e Francisco Caselli mudaram os pontos terminais de suas sopas para a Rua da Detenção .
Em 1938 o transporte por sopas havia crescido bastante , alcançando outras cidades do interior , como Vicência , Surubim , Tapera , Umbuzeiro , entre outras .
Em outubro de 38 a Empresa Baltazar Pinto abandonou as sopas , inaugurando ônibus de primeira classe para Gravatá com capacidade para 35 passageiros . No mesmo mês inaugurou mais uma linha , desta vez para São Vicente , atendendo Timbaúba . Em julho de 1939 inaugurou sua linha de ônibus para Limoeiro .
Em meio as sopas , surge uma sociedade de transporte por ônibus no Recife
Em maio de 1944 surgiu no Recife uma sociedade denominada Pioneiro Ônibus Clube , iniciativa de um sueco que morava no Brasil , o Sr. Ernest Schar , reuniu 22 sócios do bairro de Casa Forte com o intuito de criar uma grande empresa de transporte. Compraram uma caminhonete , com capacidade para 20 passageiros , o itinerário era saindo da Praça Rio Branco , Parque Amorim , Avenidas Rosa e Silva e Rui Barbosa até chegar em Casa Forte. Com uma frequência de 3 viagens pela manhã , três na hora do almoço e até quatro no final da tarde , de segunda a sexta , uma vez que o objetivo era melhorar o ir e vir dos muitos trabalhadores que dependiam dos bondes superlotados para o Bairro do Recife , onde estávam concentrados as atividades comerciais na época. Os sócios pagavam uma contribuição mensal para cobrir as despesas com o veículo e os choffeurs . Só podiam viajar os sócios , que ganhavam um cartão que dava acesso ao transporte.
Em 1947 as sopas não mediam esforços no ir e vir dos passageiros , mesmo com as estradas não tão boas assim , os choffeurs dirigiam seus veículos rumo as cidades até do Sertão , como Petrolina , Arcoverde e outras . De outros estados do Nordeste partiam sopas até para o Rio de Janeiro .
Em 1948 uma lei estadual instituiu que só poderia continuar no transporte de passageiros , empresas organizadas , que tinham mais de quatro veículos em sua frota , o que impediu que mais de 500 sopas , de proprietários individuais pudessem circular.
Em 1950 as sopas vindas do interior tiveram instalada , uma agência de venda de passagens para as mais de 200 sopas e ônibus que faziam transporte para o interior , majorando as passagens em 30% , fato que causou protestos dos passageiros.
Em 1951 , mesmo com os ônibus da Autoviária fazendo algumas linhas , ainda existiam muitas sopas trafegando no Recife , para os bairros de Vasco da Gama , Macaxeira , Bongi , Afogados , etc.
Em 1953 , com as estradas em melhor estado , o serviço de sopas para o interior cresceu bastante , o que já cogitava uma estação rodoviária para o melhor conforto dos passageiros que chegavam diariamente a cidade vindos do interior neste tipo de transporte . Neste mesmo ano foi inaugurada a Estação Rodoviária do Recife , a maior da América Latina e terceira maior do mundo na época , após isso , as empresas mais organizadas começaram a comprar ônibus maiores e colocando em circulação nas linhas para o interior e outras capitais , tomando aos poucos o lugar das sopas ; Foi o caso da Progresso , Cruzeiro e Rodoviária Caruaruense .
Pesquisa : Diário de Pernambuco ; Pequeno Jornal e Jornal de Recife
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