Câmara de Compensação Tarifária - a relação ônibus lotado x preço das passagens

 Em 1984 começaram as discussões para implantação de um modelo de remuneração para as empresas de ônibus , visando barrar os constantes aumentos de passagens que sacrificava o usuário do transporte coletivo naquela época . 

Em 1985 foi implantada em caráter experimental , garantido as empresas que cumprissem as determinações , a remuneração de capital de 12% , conforme o número de viagens , que somava a quantidade de ônibus e passageiros transportados em cada linha . 

Se os ônibus transportam menos passageiros em horários de pico , o usuário ganha em conforto , contudo o preço da passagem onera muito , naquele ano , uma redução de 10 passageiros em cada viagem , resultaria em 12% de aumento no preço da passagem. 

Foi essa mudança que permitiu uma melhora no atendimento das chamadas linha sociais ( deficitárias em termos de custo e utilização de veículos ) , como exemplo as linhas Bola na Rede e Alto 13 de Maio , naquele ano . As empresas passaram a ser obrigadas a manter ônibus nos horários estabelecidos , mesmo com pouca demanda , o que antes da gestão da EMTU não acontecia com regularidade , pois existiam muitas empresas fazendo a mesma linha e atendendo nos mesmos horários , de alta demanda , ou os chamados horários de pico . 

Em maio de 1986 foi definitivamente implantada a CCT - Câmara de Compensação Tarifária , a EMTU passou a gerir de fato todo o sistema  . As primeiras melhorias começaram a surgir , como :

- a criação da linha Alto Dois Carneiros ( via Monte Verde ) , e com redução tarifária de 25% . 

- ampliação de oferta nas linhas : Totó Planalto , Três Carneiros e Curado II 

- atendimento aos domingos na linha Alto Treze de Maio 

- aumento de frota na Linha do Tiro .

Em junho foi criada a linha Ceasa ( Sudene ) Bagageiro , com o intuito de atender aos ambulantes e feirantes que se dirigiam ao centro de compras diariamente . O ônibus bagageiro tinha apenas 30 lugares , 10 a menos que os comuns da época , inicio com apenas 1 ônibus na linha . A EMTU fez também a adaptação dos seis veículos que operavam na linha comum do Ceasa , dispondo os bancos de frente para o corredor , semelhantes ao metrô . 

Algumas empresas por não concordarem com as políticas e regulamentos do CCT , deixaram suas linhas , como é o caso da Senhor do Bonfim , operando nas linhas R - 313 San Martin ( Abdias de Carvaho )  e R - 414 San Martin ( Largo da Paz ) , integrantes da área 06 .      


A Rodoviária Machado foi uma das empresas que sofreram intervenção pela CCT - Câmara deCompensaçãoTarifária ( ver matéria )

Em 1987 o mecanismo que possibilita a o repasse de recursos de uma empresa operadora para outra , registrava um déficit de 55 milhões de Cruzados , inviabilizando todo o sistema . A sistemática da CCT , que era transferir o excesso de receita de uma empresa  para cobrir o déficit de outra não mais vinha sendo atendido devido a alguns fatores : queda da demanda , falta de veículos e alta constante nos preços dos insumos  . No final de de 1987 o déficit da CCT já atingia 550 milhões de Cruzados .

Em agosto uma polêmica envolvendo uma das linhas deficitárias do sistema virou caso de polícia , que teve que retirar os ônibus da Empresa Pedrosa de circulação na linha T - 461 São Lourenço / Encruzilhada deixando apenas a Rodoviária Metropolitana , que operava em conjunto , mas estava prejudicando a CCT pois não tinha rentabilidade para justificar duas empresas na mesma linha . 

Em janeiro de 1988 com os sucessivos aumentos tarifários , a Câmara de Compensação começou a diminuir seus déficits e em alguns momentos apresentar lucros . 

Em agosto deste ano , um déficit de 71 milhões de Cruzados da CCT foi perdoado pelas empresas de ônibus , o que levantou suspeitas das associações de bairros e usuários do transporte coletivo. 

Pesquisa : Diário de Pernambuco 

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